Podemos dizer que a comunicação não violenta pode ser considerada chave para o sucesso de um relacionamento, seja ele amoroso ou profissional. Através da comunicação não violenta somos capazes de nos expressar melhor, ouvir melhor e, portanto, termos uma melhor qualidades das nossas relações interpessoais.
Pesquisas dizem que as empresas contratam as pessoas de acordo com suas suas habilidades técnicas, nível de escolaridades, cursos de aperfeiçoamento na área, etc, habilidades estas também conhecidas no mundo corporativo como hard skills, entretanto estas mesmas pessoas, depois de algum tempo, são demitidas pelas suas habilidades não técnicas.
A definição destas atividades não técnicas pode ser muito abrangente, vai desde a criatividade, gerenciamento de tempo, até habilidades de relacionamentos e comunicação.
A lista das capacidades não técnicas pode ser longa, mas o objetivo deste será de analisar e refletir sobre como uma boa comunicação pode auxiliar positivamente no ambiente corporativo, beneficiando em todas as esferas, dos funcionários que executam os mais diversos serviços até a alta gestão.
Como ter uma boa comunicação?
A boa comunicação pode ter uma quantidade enorme de significados e interpretações, que são por vezes ligadas a questões regionais, culturais e sociais. Por exemplo, por estarmos no Brasil, fazemos o uso de uma comunicação menos objetiva, na cultura brasileira raramente ao darmos um feedback dentro do mundo corporativo seremos objetivos e diretos com o receptor, até mesmo durantes as demandas habituais do dia a dia do trabalho, é comum que ao abordar um colega de trabalho, seja verbalmente ou através de mensagens escritas pelo smartphone, iniciamos com um bom dia, em seguida, iremos perguntar como o dia da outra pessoa está indo, para que somente após isso, possamos fazer algum pedido específico e o qual era o objetivo inicial da conversa, pois no Brasil, aqueles que são mais diretos nas suas solicitações podem ser taxados por pessoas rudes ou sem educação.
O fato é que, caso seu interesse inicial em perguntar sobre o dia da pessoa não for realmente genuíno e mostrar que, de fato, você se interessa em saber como a outra pessoa está, após algumas vezes ela poderá se sentir “enganada” por perguntas que, a princípio, parecem gentis, mas que no fundo, o comunicador não se importa, de fato com a resposta.
Em países como Estados Unidos ou em alguns outros países da Europa, a comunicação costuma ser bastante diferente da que usamos aqui, podendo ser bastante direta e objetiva, mas independente de qual país ou qual cultura estamos inseridos, o objetivo aqui é trazer a reflexão sobre uma comunicação gentil mas ao mesmo tempo assertiva e, acima de tudo, não violenta, comunicação esta que se faz fundamental para o bom andamento do ambiente de trabalho.
Marshall Rosenberg, autor e psicólogo americano, fundador do “Centro para Comunicação Não Violenta” e também autor do livro com o mesmo nome, se esforçou para levar a conhecimento do mundo sua técnica de comunicação e mediação de conflitos. A essência desta técnica pode, à princípio, nos dar uma falsa impressão de como seria esta comunicação não violenta, acaba por surpreender as pessoas que ainda não tiveram a oportunidade desta leitura.
Para uma pessoa que ainda não conhece esta técnica de comunicação poderá, equivocadamente, pensar que a comunicação não violenta está baseada em uma comunicação com palavras de carinho, ou palavras doces e respeitosas apenas, que esta seria uma comunicação rebuscada, complexa e bastante “floreada”, que seria necessário “dar muitas voltas” para se dizer o que se quer dizer a fim de não ser violento com as palavras. Mas muito se engana quem tiver esta impressão, pois a idéia básica da comunicação não violenta é, antes de mais nada, uma comunicação assertiva, uma comunicação cuja intenção é não deixar margem para más interpretações e, com a mesma importância, uma escuta ativa, atenta e sem pré-julgamento de valores.
Uma boa comunicação deverá também ser baseada numa escuta empática, onde ao invés de tentarmos rotular as palavras ditas pelo outro, devemos tentar entender exatamente o que o outro deseja sem o uso de pré julgamentos baseados na sua própria vivência. Ou seja, quando o outro fala, deveríamos ouvir com os ouvidos pensando no outro, tentando entender o que aquilo significa para ele e não trazer o discurso para o contexto da sua vida. Explico, quando o funcionário “A” diz que se está com medo de não conseguir entregar o trabalho em um determinado prazo, o funcionário “B” deve tentar entender o que isto significa para “A”, quais são os sentimentos reais que afloram esse medo, no que ele se constitui e o que “A” espera que “B” possa fazer para suprir esse medo ou esta demanda.
Proponho aqui uma pausa para reflexão sobre quantas vezes nós falhamos ao ouvir o outro. Quantas vezes, quando um colega de trabalho tenta reportar um problema ou uma dificuldade em alguma execução, ao invés de ouvir e/ou tentar entender o problema, apenas tentamos nos livrar da “culpa”, respondendo muitas vezes ironicamente ou fazendo juízo de valores ou até mesmo disputamos com nosso colega sobre a magnitude do problema, tentando provar que temos um problema ainda maior que o dele. E assim a conversa segue, parecendo mais uma disputa de quem teve o maior dos problemas, onde todos querem somente falar e ninguém quer escutar de verdade, com atenção, com empatia e compaixão.
Qual é meu papel dentro da CNV?
Se você está no papel de quem fala, tente dizer o que vê, o que observa, sem generalizações, seja claro com suas expectativas. Se o seu papel no diálogo é do ouvinte, opine menos e absorva mais informações, faça perguntas que irão te ajudar a entender melhor ao invés de ouvir metade da frase e usar de inferências para imaginar que já entendeu tudo que o outro quer dizer, evite reações defensivas, certifique-se de entender as expectativas do outro.
O autoconhecimento e a comunicação eficiente entre pessoas se faz tanto no âmbito de quem fala quanto de quem escuta.
De quem é a responsabilidade em aplicar as técnicas da CNV?
Aplicar as técnicas da CNV pode ser difícil no começo, afinal, toda mudança de atitude demanda treinamento, um certo nível de auto controle e uma enorme vontade de mudar. Mas com o tempo, o uso das técnicas se torna cada vez mais natural e a tendência é de resultados cada vez melhores para todos que façam parte deste ambiente, afinal pessoas felizes, e que trabalhem em um ambiente de cultura não violenta, entregam muito mais.
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